quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Vai pegar a estrada? Algumas dicas para evitar dores e câimbras indesejáveis

Muito tempo sob uma moto, principalmente em longas viagens pode ser um tanto quanto dolorido. Recomenda-se uma parada a cada 100 ou 200 km dependendo do tipo de motocicleta utilizada.

O colunista Roberto Agresti, que escreve para o G1/Auto Esporte, traz dicas de alongamentos para evitar dores indesejáveis. Confira.

Aprenda como se alongar antes de passar muito tempo sobre a moto

Colunista do G1 mostra exercícios que ajudam na jornada.
Com a prática, piloto vai definindo o tempo necessário para os exercícios.


Duzentos quilômetros parecem uma distância longa? Depende. Se você estiver dentro de um avião, estirado na classe executiva, ela passa em menos de 15 minutos, período no qual mal vai dar para tomar uma (ou duas, vai) taças de champanhe, vendo o planeta do alto, mas... e se você estiver ao guidão de uma moto?
Na semana passada, percorri 200 km ao guidão da nova Ducati Monster (veja coluna), montanha acima e abaixo, nas mais tortuosas estradas que já vi, na ilha espanhola de Tenerife. A fabricante fez questão de que os participantes do evento passassem um dia inteiro fazendo essas manobras, sabendo das qualidades especiais de sua cria no que diz respeito a curvas.
Saímos de manhã cedo e só chegamos no fim da tarde. No fim da jornada, ao abrir a porta do quarto com a cabeça lotada de imagens estupendas dos locais visitados e feliz pelas intensas sensações vividas ao guidão da moto, tive certeza de que a experiência de toda uma vida ao guidão me deu ensinamentos tão valiosos quanto a banheira cheinha de água quente em que estava prestes a entrar.
E são estes ensinamentos que vou dividir abaixo.
A primeira e (pelo que ando vendo por aí) nada óbvia lição é que não dá para montar em uma moto para qualquer trajeto que seja sem um mínimo de preparação física, técnica e psicológica. No grupo de jornalistas do evento havia cerca de três dezenas de colegas, todos eles 100% preparados para a missão. Não me refiro a habilidades específicas de pilotagem, já que avaliar uma motocicleta em estrada aberta ao tráfego não demanda levá-la ao limite, mas, sim, conduzir como um motociclista padrão.
Chegamos todos sãos e salvos depois de tanta curva apertada em estrada totalmente desconhecida. E ficou mais do que claro o profissionalismo de nossa espécie, gente que sabe que um motociclista tem que sempre estar em forma. Ratos de academia? Esqueçam. Eu mesmo nunca fui chegado ao ambiente fitnesss, mas também não sou um “largado”, um fora de forma que quando olha para baixo não vê a ponta dos pés.
Passo a passo
Antes de partir naquela manhã, e já vestido com o equipamento de segurança completo – capacete, macacão de couro, protetor de coluna, botas e luvas –, procedi ao devido alongamento muscular ao lado da moto. (veja alguns gifs no final da matéria)
Nada muito elaborado, mas o suficiente para dar ao corpo a elasticidade necessária, evitando problemáticas câimbras ou, pior que isso, estiramentos musculares.
Quanto tempo deve durar todo esse ritual? O quanto for possível. Contar mentalmente até vinte ou trinta em cada uma das posições de alongamento é a minha regra. E mais: fazendo isso com frequência, a cada vez que montar em uma moto, você mesmo sentirá quanto tempo é preciso, personalizando seu ritual.
Em cima da moto... segure a empolgação
Importante também – e especialmente no meu caso, que era o de pilotar uma moto nova e que não conhecia – é se ajustar aos comandos: nos automóveis há múltiplas regulagens no assento e encosto do banco, assim como na altura e profundidade do volante.
Já em uma moto, quando muito, você acerta a altura da alavanca do freio dianteiro (nas que têm esse dispositivo), da embreagem e, em alguns casos, a altura do pedal do freio. E também os espelhos retrovisores.
Na moto é você que deve se adaptar à posição, descobrir os comandos não só no aspecto do posicionamento como no tato, de acordo com a resposta oferecida. Um freio dianteiro ignorante pode causar problemas tão sérios quanto outro com resposta suave.
Os primeiros momentos são fundamentais, tanto os que precedem à partida, que exigem um mínimo de aquecimento/alongamento do corpo, assim como os primeiros metros, nos quais o maior erro é sair acelerando como se você e a moto fossem velhos conhecidos.
Aliás, mesmo com a sua própria motocicleta, uma análise visual rápida, especialmente dos pneus e componentes evidentes como a corrente de transmissão e freios, é receita básica de bem-estar, assim como os primeiros metros também devem ser percorridos com os sentidos ligados no volume máximo, para perceber se tudo está OK, com você e com a moto.
Durante a bela jornada com a Monster em Tenerife, outra regra de ouro que segui foi a de conter a empolgação. O desempenho esfuziante dos 145 cavalos do modelo não combinava com vários trechos do nosso percurso, com curvas cegas de 180 graus em subida e descida, parede de um lado, abismo do outro. Nessa situação, mais do que a preparação física, o que entra em cena é nossa habilidade, a preparação técnica, e o aspecto psicológico.
Andar de motocicleta é algo emocionante, sempre, e a regra de sobrevivência nº 1 é, paradoxalmente, não se deixar levar pela emoção. Respeitar os limites, os do lugar onde se pilota, os da motocicleta e, principalmente, os seus, é o melhor modo de voltar à roda de amigos com histórias ótimas. Se preparar mentalmente, fisicamente e tecnicamente antes de assumir o guidão é o segredo para isso acontecer durante toda sua vida.

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