sexta-feira, 2 de maio de 2014

Veja e leia reportagem completa sobre lançamento da BMW

A BMW R 1200 GS Adventure chega por R$ 87.900; concorrência fez preço cair e modelo evoluir

Do G1/AutoEsporte Motos


Com tamanho monstruoso e visual que lembra um veículo de guerra, a BMW R 1200 GS Adventure é o modelo top da linha de motos aventureiras da marca alemã. A nova geração acaba de chegar ao Brasil também por intimidadores R$ 87.900, carregando a missão de fazer o modelo chegar a 450 unidades no ano, número que seria recorde para a moto no país.

Em 2013, a Adventure não obteve números expressivos de vendas no mercado brasileiro, mas, com a renovação, a expectativa da BMW é de crescimento. Apesar do pacote tremendamente tecnológico, a grande surpresa para a moto foi a redução de valor em relação à moto antiga.

Quem comprou uma das últimas da geração anterior da Adventure desembolsou cerca de R$ 91.200. Claro que o preço ainda segue alto, mas o decréscimo de valor entre os modelos, mesmo que ainda pequeno, sinaliza algo positivo para o mercado impulsionado pelo fator da concorrência.

Nos últimos anos, a BMW assistiu a chegada de concorrentes de peso para o segmento – e principalmente o início da operação nacional da britânica Triumph, com produtos de qualidade e preços competitivos, fez a empresa rever sua estratégia. Rival direta da Adventure, a Tiger Explorer XC sai por R$ 63.500.

De acordo com a fabricante bávara, melhorias da logística de importação também acarretaram em reduções nos custos. A futura fábrica de automóveis da empresa em Santa Catarina fez com que o processo de importação fosse otimizado. Mas o empurrãozinho veio de concorrentes como Ducati e também o anúncio da futura chegada da KTM.

A austríaca KTM confirmou o retorno ao Brasil juntamente com a brasileira Dafra, que montará suas motos em Manaus – esta é a mesma empresa que monta modelos BMW, Ducati e MV Agusta no país. Entre as novidades esperadas da KTM, está a linha 1190 Adventure que, em sua versão R, mostra a rival mais direta da BMW Adventure, por ter muita habilidade para rodar na terra.


Aventureira extrema
Esqueça aquelas motos do tipo SUV (Sport Utility Vehicle) que têm visual aventureiro, mas um pouco de medo da terra, como Ducati Multistrada ou Kawasaki Versys 1000. A BMW Adventure ainda mantém em seu DNA a dupla proposta, de uso misto, com grandes capacidades tanto para a terra como para o asfalto.

A maior parte de sua base segue a da R 1200 GS tradicional, que teve nova geração lançada no ano passado no Brasil. Porém, alterações foram feitas para tornar a moto ainda mais apta para o off-road. Apesar de o motor ser o mesmo bicilíndrico do tipo boxer, com os cilindros dispostos horizontalmente e a nova refrigeração mista de ar e líquido, ocorreram mudanças internas para trazer mais torque em baixas rotações.

Com isto, o objetivo foi melhorar o desempenho off-road, oferecendo força já em baixos giros do motor. Os números divulgados seguem exatamente os mesmos da GS “normal”, com 125 cavalos a 7.750 rpm e 12,74 kgfm a 6.500 rpm. Na prática, este motor excêntrico com os cilindros saltados para as laterais é a característica mais marcante da R 1200 GS.

Formato presente na linha BMW desde os seus primórdios, seu conjunto não é dos mais práticos, deixando a largura do motor imensa, e faz a moto dar um “chacoalhão” lateral ao acelerar, sintoma mais perceptível ao acelerar a moto na marcha neutra. No entanto, apesar dos inconvenientes o boxer é capaz de garantir ótimo torque em baixas rotações – realmente muita força.

Com leves giros no acelerador, o monstro de 260 kg é dócil e fácil de controlar em baixas velocidades como poucas motos. Mas seu comportamento é ambíguo e basta exigir mais do acelerador eletrônico para seu desempenho ser digno de uma esportiva.

Dividida em duas partes, a avaliação da GS foi feita na terra e no asfalto, com a moto mostrando desenvoltura exemplar em circuito no interior de São Paulo. Com acelerações contundentes, foi possível ultrapassar com facilidade os 190 km/h na reta principal, mas a marca garante que a Adventure chega a velocidades superiores a 200 km/h.

Poço de tecnologia
Não bastasse um conjunto de chassi, motor e câmbio de seis marchas bem ajustado, a Adventure traz pacote completo de dispositivos de controle eletrônico em seu conjunto. Os freios ABS de última geração estão mais ajustados que em modelos anteriores, não passando aquela sensação de atuarem tão cedo.

Com a ajuda do controle de tração, a moto evita a derrapagem da roda traseira caso o motociclista exagere um pouco na dose. Como de praxe na linha GS 1200, as suspensões possuem ajustes eletrônico e, no caso da Adventure, são de série. Para esta nova geração, a Adventure também traz o inédito sistema de suspensões semi-ativas.

Este dispositivo inteligente utiliza sensores nas suspensões dianteiras para captar a interação com o solo e ajustar a suspensão traseira automaticamente para suportar da melhor maneira possível os impactos. Compilando todos estes sistemas, a GS possui um pacote tecnológico que pode deixar muitos donos de SUV com inveja.

Mas, para aqueles que procuram mais dose de segurança ou emoção, a moto vem com cinco mapas de condução que, além de modificar o comportamento do motor, o deixando mais brando ou mais forte, mexem também no grau de invasão de ABS e controle de tração. Para o asfalto, as opções são Urban, Road e Dynamic, enquanto na terra estão disponíveis o Enduro e Enduro Pro.

Trator na terra
A melhor palavra para classificar a R 1200 GS Adventure na terra é "ignorante". Apesar do belo desempenho no asfalto, com rápidas trocas de direção e bom grau de inclinação, é no off-road que a Adventure mostra suas principais credenciais. A maioria dos obstáculos é superado facilmente por este “tanque de guerra”, característica que fica mais latente pela nova cor verde disponível para a moto, além de branco ou azul.

E, à medida que a velocidade aumenta, o modelo vai ganhando mais leveza, até começar a saltar sobre os obstáculos. Com regulagem para o guidão, é possível encontrar a posição perfeita para utilizar a chamada posição “em pé” na moto, típica das provas de rali e motocross. Suas pedaleiras são amplas e garantem bom apoio aos pés.

Com a mesma sutilize com que levanta voo, a moto pousa com uma suavidade impressionante no solo, não exigindo muito esforço físico do piloto. De série, a moto vem com pneus de uso misto, o que faz a aderência ao solo não ser perfeita. Neste caso, é indicado utilizar o modo Enduro, que reconhece este tipo de pneus – para pneus com cravo, deve-se utilizar a opção Enduro Pro.

Os pneus fazem com que as possibilidade off-road do modelo diminuam um pouco, mas trazem melhor desempenho no asfalto, comparado aos de cravo. Mas é preciso ao usuário não esquecer que está no comando de um monstro de 260 kg. Um exagero na terra pode fazer a roda dianteira deslizar e será difícil contornar a situação.

Com os cilindros saltados pelas laterais, fica mais complicado utilizar as pernas para salvar uma eventual queda, comparado a modelos de motores mais compactos. Apesar das ressalvas, o lado positivo para condução na terra supera muito o negativo. Mas não é preciso muita preocupação com tombinhos bobos, pois o protetor de moto e carenagens garantem a manutenção do conjunto.
Estradeira
Mesmo que o comportamento radical da R 1200 GS tenha ficado latente neste teste em misto de circuito e estrada de terra com trilhas, a maior parte do tempo os futuros usuários devem manter a Adventure na estrada. Em relação ao modelo anterior, o tanque diminuiu de 33 litros para 30 litros – na GS tradicional o compartimento é de 20 litros –, mesmo assim a autonomia foi mantida, para muitos e muitos quilômetros.
De acordo com a empresa, a mudança pôde ser efetuada devido ao menor consumo da nova geração da moto. Seu consumo médio divulgado a 90 km/h é de 23,25 km/l, enquanto a média a 120 km/h atinge 16,94 km/l. Com a diminuição, a nova Adventure ficou mais enxuta, apesar de manter a imponência.
Comparada à versão antiga, a moto está 10 mm mais alta, ajudando a superar obstáculos com maior facilidade. Por este primeiro contato, a Adventure passou a impressão de bastante conforto.
Na dianteira, a grande bolha pode ser movimentada por manivela e garante bom efeito aerodinâmico, além de receber ajuda de proteção contra o vento do motor e das carenagens. O assento mostrou-se confortável e tem regulagem de 890 e 910 mm, altura que pode deixar os mais baixinhos nas pontas dos pés.
Apesar da redução de preço, a Adventure ainda é uma moto cara e se o futuro proprietário pensar friamente, as concorrentes também oferecem bons conjuntos, por preços bem mais acessíveis. Para tornar o preço mais competitivo, a marca não esconde que pode nacionalizar o modelo em breve, o montando em Manaus, como já ocorre com G 650 GS, F 800 GS/Adventure e F 800 R.
Como acessórios interessantes, a Adventure tem um sistema de navegador com tela sensível ao toque que custa R$ 3.100. Vendido exclusivamente nas concessionárias da empresa, o dispositivo já possui integração com a central eletrônica da moto e promete passar diversas informações de comportamento da moto, desde o grau de inclinação nas curvas, pressão dos pneu, média de velocidade etc.
Outros itens, que também paracem indispensáveis para quem já vai comprar uma moto de quase R$ 100 mil, são as maletas de bagagens, vendidas por R$ 2,5 mil cada. Realmente, se não tiver as malas a Adventure perde muito de sua razão de ser.
Mesmo com o alto valor, para aqueles que desejam "dar a volta ao mundo", a Adventure ainda oferece muita robustez e a sigla GS está no imaginário de todo motociclista aventureiro, o que pode tornar esta escolha emotiva. Não à toa, todas as rivais tentam copiar em partes as soluções encontradas pela BMW na GS.