sexta-feira, 27 de julho de 2012

A intrusa


Este texto foi originalmente escrito em 14 de abril deste ano. Na ocasião foi publicado num outro blog que  escrevo - O Sappo. Resolvi trazer a postagem para cá a fim de servir de introdução para os demais textos que virão.
...
Há duas semanas num momento de total racionamento e pensamento tipo “Rio +20” tinha decido que havia chegada a hora de adquirir novamente uma bicicleta. Pra quem acompanha o blog sabe que há seis meses ceifaram o meu direito de ir e vir de bicicleta. O que me deixou muito triste.
A primeira pessoa com quem dividi a decisão de comprar uma nova bike foi minha esposa que, há seis meses me deu esta notícia. E que me deixou extremamente feliz. O papo com ela foi reto:
- Nega, vou comprar uma bicicleta nova.
- A é amor, que bom.
- Acho melhor. Por que daí você fica com o carro, vai pro trabalho sossegada. E eu lá no centro tendo que pagar estacionamento ou ESTAR não é interessante...
Enquanto discorria os motivos para a aquisição da bike, justificando cada ponto levantado, fui sutilmente interrompido pela minha esposa.
- Amor, por que você não compra uma moto?
Um silêncio ensurdecedor pairou no ar. Custei a acreditar que realmente tinha ouvido aquilo. Resolvi voltar no assunto da bicicleta com a certeza de que aquilo não tinha sido apenas um reflexo do meu mais intenso desejo subconsciente que se manifestou me fazendo acreditar que minha esposa tinha realmente dito aquilo.
- Daí desta vez eu compro um cadeado maior e melhor. Um não, dois. Prendo a roda traseira e dianteira, quero ver que FDP vai...
E novamente antes de terminar a frase...
- Amor, você não queria comprar uma moto tempos atrás? Então compra agora. Creio que é o melhor momento. Assim você consegue se deslocar com mais facilidade e rapidez do trabalho pra faculdade. E como sei que você é um homem cuidadoso e atencioso e de muita fé, tenho certeza de que Deus vai sempre te proteger com ou sem moto.
É, eu não tinha imaginado nada. Minha esposa realmente havia dito aquilo. E contra fatos não há argumentos. Me convenceu fácil. No mesmo dia comecei a procurar algumas motos. Sempre tive moto tipo Trial, mas dessa vez era hora de mudar, hora de evoluir, buscar um modelo arrojado, dinâmico, forte, algo que fosse minha cara. Pensei em comprar uma scooter!
Minha porção Sherlok Holmes me fez chegar até a Suzuki Burgman. Pequena, econômica, fácil de pilotar e o melhor, dentro do orçamento. Pesquisei mais um pouco e encontrei uma à venda em minha cidade. No sábado eu e minha esposa fomos até a loja dar uma olhada na motoneta. Era bonita, amarela, cor preferida de minha esposa. A primeira vista ela me pareceu bem conservada, estava com baixa quilometragem, em fim, uma bela scooter. Pra mim estava ótimo, seria aquela motoquinha ali mesmo. Eis que mais uma vez minha esposa, como sempre, me surpreende.
- Amor, e aquela ali ó, é mais bonita. Parece que é mais forte. Parece mais com você.
[Breve pausa no texto da motoca pra dizer que EU AMO MUITO MINHA ESPOSA. Voltemos ao texto]
Estava de costas e quando me virei para ver de qual moto ela se referia, mais uma vez permaneci em silêncio. Olhei para a moto, pra esposa, pra moto, cocei o queixo, olhei pra esposa.
- Você tá falando sério? Tá me zoando?
- Não né amor. É que se for pra comprar uma moto, então que compre uma moto melhor. Aquela ali [a Burgman] apesar de ser da cor que eu adoro, acho que é muito de moleque, não combina com você.
Contra fatos não há argumentos.
- Você acha mesmo Nega?
- Sim, claro que acho.
Neste momento o vendedor sabiamente disse:
- A senhora tem razão, esta aqui é bem melhor. E você sabe que ainda está mais barata que aquela outra?
Pronto, era o que faltava para a decisão. Ou melhor, mudança de decisão. Eu que tinha em mente uma motoca me vi diante de outra escolha. Uma que nem de longe passou pela minha cabeça. Pois bem, como já dizia Raul Seixas: prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
Hoje posso dizer que sou um cara muito feliz e satisfeito com a moto escolhida. Uma intrusa que veio para ficar. Uma Intruder 125 que logo foi carinhosamente batizada de “Chernobyl”. Uma moto valente apesar do motor de 125 cilindradas. Confortável, de fácil pilotagem, enfrenta bem as ruas e avenidas das cidades e é bem econômica. E o mais legal, dá pra customizar de várias maneiras, desde old school, bobber ou chopper.
Sobre esse assunto voltarei a tratar muito mais vezes aqui no blog. E de uma coisa vocês podem ter certeza, vou customizar a “Chernobyl” no melhor estilo SAPPOSTER.
Chernobyl, a intrusa
Até mais.

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